Mulher Multitarefas
Mulher multitarefa
A maioria de nós mulheres, para não dizer TODAS NÓS, sempre temos a sensação de ter atribuições demais e tempo de menos. É ou não é?
Quando encontramos com uma amiga que não víamos ha tempos logo nos desculpamos por nossa ausência de um simples telefonema, e emendamos com um “está tudo tão corrido... mas vamos marcar”.
Não rara as vezes, apesar de tantas atividades para e por fazer, passamos o dia apagando incêndios (próprios e/ou de outras)…
Mas ser mulher é isso, fazer mil coisas ao mesmo tempo: cuidar da casa, estudar, trabalhar, cuidar da família, levar o cachorro pra passear, pegar os filhos na escolar, passar no supermercado, supervisionar as tarefas dos filhos, gastar minutos escolhendo a cor do esmalte, ir pra academia, visitar milhares de sites e blogs em apenas 10 minutos e extrair milhões de ideias e projetos, ler milhares de livros (as vezes vários ao mesmo tempo) e ainda querer mais… Somos inquietas, curiosas, e estamos sempre preocupadas para que todos que amamos estejam bem.
Mas, porque somos assim? Porque vivemos como se fossemos malabares, equilibrando copos em cima de uma bicicleta?
Essa habilidade em desempenhar várias atividades ao mesmo tempo vem desde a criação da mulher, ou seja, há milênios. Estudos antropológicos de neurociência comportamental relatam que a mulher sempre desempenhou o papel de cuidar dos filhos, do feitio das roupas e do preparo do alimento, enquanto o homem era somente responsável pela caça.
Essa divisão natural de tarefas levou ao aperfeiçoamento de determinadas regiões do nosso cérebro. Se a responsabilidade primordial do homem era caçar, era imperioso que ele dominasse a noção de espaço e de distância, bem como tivesse mais concentração e foco. Isso explica porque os homens tem uma melhor orientação espacial e conseguem, por exemplo, mais facilmente ler um mapa e falar sobre um único assunto por vez.
Já as mulheres, como se ocupavam das crianças, e precisavam estar atentas se os filhos estavam bem ou não, desenvolveram uma maior habilidade em perceber o que o outro sente. A neurociência nos conta que o cérebro feminino foi estruturado para responder de forma imediata aos estímulos sensoriais (visão, tato, paladar, olfato e audição), interligando cada um deles. Isso explica a razão de conseguirmos identificar o choro dos nossos filhos em meio a uma multidão de crianças, e sermos tão sensíveis ao toque físico, e o porque um simples aroma nos remete ao dia, hora e momento em que determinado evento ocorreu.
Fomos feitas de modo fantástico, não fomos?
Pois é, mas não para por aí!
Como fomos formadas com os sentidos especialmente lapidados, temos a facilidade para fazer várias tarefas simultâneas, e essa habilidade contribuiu para que nossa visão periférica fosse superior a dos homens. Isso explica o porque conseguimos enxergar detalhes de tudo ao nosso redor, enquanto os homens tem mais habilidade para enxergar pontarias, alvos, enfim o que está a sua frente (embora, muitas vezes, não veja a meia que está a um palmo do nariz).
Outro detalhe que contribui para nossa capacidade polivalente refere-se ao fato de que o lado direito e esquerdo do nosso cérebro são mais interligados do que o dos homens. Isso explica porque somos capazes de simultaneamente falar ao celular, digitar um texto e pensar no cardápio do almoço enquanto fazemos caras e bocas para o filho que está berrando impedindo que escutemos o que está sendo dito ao telefone.
Em resumo queridas, somos assim porque fomos feitas assim. Algumas de nós funcionam de modo mais tranquilo e outras de modo mais acelerado, mas todas nós fomos feitas para funcionar deste modo. Esta é a nossa essência. Temos essa peculiaridade. Gostamos de fazer várias coisas. É ou não é? Gostamos de nos envolver aqui e ali. Sim ou não? Estamos sempre ligadas no que está acontecendo. Fazemos mil coisas e, muitas vezes, reclamamos do excesso de tarefas. No entanto quando sabemos que nossa amiga não nos chamou para um projeto ou atividade, nos sentimos excluídas, ao invés de nos sentir aliviadas. Essa é a natureza feminina! Ou melhor, esse é o paradoxo de ser mulher!
Um dia amanhecemos mais cansadas, mais desanimadas, mas logo sacudimos a poeira e recobramos nossa coragem e entusiasmo.
Somos assim! E por sermos tão complexas e completas, somos especiais!!
Referências
1. Geary, D.C.: Male, female: sex differences in brain and cognition. American Psychological Association Books. ISBN: 1-55798-527-8
2. Harasty J., Double K.L. Language-associated cortical regions are proportionally larger in the female brain. Archives in Neurology vol 54 (2) 171-6, 2007.
3. Wilson, E.O. - "Sociobiology". Harvard University Press, 2002.